Os desgostos de amor são horríveis. E, por serem horríveis, as pessoas dizem que fazem parte; que são o preço; são um caminho; que dão força e fazem crescer.
Tal é o medo de aceitar a totalidade da tragédia que são que se chega ao ponto de ver os desgostos de amor como um rito de passagem não só para a humanidade como para o próprio amor- o que é muito mais grave. É sempre outrem que fala assim levemente; alguém que, se calhar, nunca teve um desgosto de amor digno do nome ou, se o teve, já o esqueceu e, ao esquecê-lo, provou que nunca amou, por muito desgostoso que tenha ficado. Porque também existe o desgosto de ser abandonado por alguém de quem nos habituáramos a fugir, e de já não ser amado por quem nunca amámos. Mas isso é um simples desgosto que nada tem a haver com o amor. Já o desgosto de amor é um desgosto completo: uma desilusão e uma angústia; uma frustração de quase não existir, que começa por nós próprios, num incêndio de chuva que vai por aí afora até estragar o mundo inteiro, incluindo o que mais se queria proteger: a pessoa amada. Os abutres da consolação pretendem reclassificar os desgostos e ofender o amor e, distraídos pelo prazer necrófilo de cheirar, mesmo numa pessoa amada, a morte do amor alheio- tão secreta e infinitamente invejado!-, chegam a dizer as três palavras mais estúpidas, cruéis, inúteis e indignas daquelas circunstâncias: «Foi melhor assim.» Acrescentando, às vezes, mais duas: «Deixa lá.» Como se pudéssemos responder: «Boa ideia- vou deixar!» Os desgostos de amor estragam a alma. É preciso ter muito medo deles. Respeito. Cuidadinho. Tratar o amor nas palminhas. Mesmo antes de chegar a pessoa que se vai amar. É que os corações partidos ficam partidos. Deixam de poder amar. E, em vez de amar, tronam-se músculos leves e cínicos, trocistas e elegantes. Pode até ser muito giro assim. Mas está para o amor como o gosto de uma pedra de sal está para o mar. E às vezes ainda é mais triste: é o próprio gosto pelo amor, como quem gosta de um prazer qualquer, que mata o amor- a possibilidade de amar- logo à nascença. Será este o único desgosto, por muito caladinho que seja, tão grande como um desgosto de amor.
Ontem li esta crónica na revista Única desta semana, como gostei tanto resolvi pô-la aqui.
1 comentário:
ola... tb eu sofri um desgosto de amor há bem pouco tempo... mais um direi eu... de tao farta que estou de me dar e perder... sim porque quem perde é sempre quem se da... e pormais incrivel q pareça... somoas acusados de estupidos e inconscientes e burros por cairmos sempre no memso erro... sera que existe alguem q se consiga dar como nos ou apenas andamos enganados a tentar descobrir alguem q nao existe e satisfazermos nos com os pouco que levamos de cada pessoa q passa pela nossa vida?... tdo isto faz pensare da nos vontade de desistir... desistir de amar ou do amor? mesmo q seja um sapo.. prefiro amar e sentir a ter um coraçao de pedra como todos aqqueles por quem passei... a vida sao emoçoes.. as emoçoes fazemo las nos... as vezes ate nos enganamos a nos proprios.. tal é força de querer amar...
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